quarta-feira, 27 de outubro de 2021

A personalização de itens como auxílio no branding

 Dentro do marketing contemporâneo, é muito importante fazer com que sua marca se sobressaia e fortaleça sua identidade. Uma das formas de conquistar essa tarefa é através da personalização de itens.

Branding e identidade de marca

Quando falamos de branding, nos referimos a um conceito de marketing bastante sólido: como sua marca se posiciona, se identifica, e aparece para o público. Ou seja, o branding passa por áreas como relações-públicas – como seus clientes e consumidores, internos e externos, veem as histórias que sua marca cria – e identidade visual, design, pós-venda, enfim, a comunicação como um todo.

Muitos empresários têm a noção de branding como ações de propaganda – ativação da marca dentro de eventos, outdoors e anúncios, por exemplo. Embora advertising (ou seja, espaços pagos de mídia) seja uma parte realmente relevante dentro do conceito, a identidade da marca vai muito além disso. A própria propaganda, que dita em partes a exposição que sua marca tem, também tem bordas muito mais longas do que simplesmente pagar anúncios.

O enquadramento dessa identidade passa por etapas delicadas, como tratar os clientes como especiais que são, garantias e contato ativo de pós-vendas, e ações gerais para que sua marca seja associada ao conceito desejado. Desde apoio a instituições não-governamentais até campanhas, publicitárias ou não, envolvendo discursos e conceitos, ações diversas fora do escopo do mero advertising ajudam a construir relevância para os temas que sua marca se importa.


Valorizando a marca com produtos personalizados: um acerto das grandes empresas. Créditos: NETSHOES

Personalização e branding

Uma das formas de conquistar o coração – e um lugar na mente dos clientes, leads e consumidores – é através da criação de produtos e brindes exclusivos. Essa ideia remete, por exemplo, a hotéis e sua distribuição de sabonetes com a logo do estabelecimento; escritórios com canetas personalizadas; supermercado com “folhinhas”, muito populares antes da acessibilidade atual dos smartphones. Dentro do consumidor comum, esse conceito é carregado de noções como requinte, charme, bom-gosto e utilidade. Perceba que esses itens todos são bonitos, práticos, úteis – conceitos todos que serão atrelados, sutilmente, à marca representada por eles.

Mas uma das grandes vantagens da personalização de itens é que ela abre as portas da criatividade. Não é necessário se ater a pequenos brindes; um exemplo que podemos citar é a venda de ecobags personalizadas por algumas redes de supermercados. A ecobag é um item que gera diversos resultados: faz um bem danado para o meio-ambiente, ao reduzir a poluição gerada pelo plástico; reduz os custos do próprio estabelecimento com sacolas plásticas; cria uma maneira mais conveniente para o consumidor de levar suas compras; cria uma narrativa em relação à empresa que está as vendendo; e além de tudo gera um certo retorno comercial, uma vez que a peça é vendida.

Mais profundamente, o marketing atual também se preocupa com o conteúdo dessa personalização. Meramente mostrar o logo do estabelecimento não diz muito; no caso do nosso exemplo das ecobags personalizadas, uma das formas de adicionar valor ao produto é através de obras-de-arte, locais ou famosas. Isso cria outra narrativa em relação à marca que está sendo associada a esse produto.

Observe que grifei a palavra narrativa nas duas vezes em que mencionei. O motivo disso é que podemos associar a noção de branding justamente como a criação de narrativas, histórias que fazem a marca ser reconhecida e gradativamente associada pelos consumidores. No caso do nosso exemplo das ecobags personalizadas, as duas narrativas que citei (superficialmente, porque poderíamos extrair muitas outras) foram:

  1. A empresa se preocupa com o consumo sustentável, providenciando soluções para reduzir um pouco o consumo de plástico;
  2. A empresa se preocupa em atrelar valor estético ao associar arte aos seus produtos, não se limitando a simplesmente vender algo com sua marca.

Naturalmente, ambos os conceitos precisam de validação – ou seja, não se trata de apenas personalizar uns itens lá e achar que é só isso. Mas auxiliam, e muito, na implementação desses conceitos bastante relevantes para o consumidor atual, lentamente associando a marca às noções defendidas por ela.


Criando narrativas para sua marca a partir da personalização de itens. Créditos: DLUI

Branding é tão importante assim?

Lacônico: Sim.

É impressionante como determinadas marcas conseguiram a proeza de associarem a si conceitos muito diversos, como cores ou cheiros (já passou em frente a alguma loja da MMartan?). Isso é branding. Outras empresas obtiveram sucesso criando associações de sua marca à filantropia, ao meio ambiente, enfim, às políticas úteis de responsabilidade social.

Podemos observar que sim, é um assunto essencial para empreendedores. A percepção, identidade, construção da marca é um fator delimitador em relação ao seu sucesso. E, para ser único, é necessário ter algo exclusivo: daí a conexão com a personalização. Não adianta fazer só o que todo mundo faz – precisa-se ir além para ganhar relevância e autoridade sobre o assunto ao qual a marca se destina a trabalhar sobre.

Personalização e endomarketing

Outra palavra bastante popular atualmente é esse tal de endomarketing, ou seja, marketing interno. Seu colaborador também é seu cliente – e em mais de uma forma.

É muito comum imaginarmos que uniformes personalizados pertencem apenas às grandes empresas, multinacionais, mas essa ideia é bem ultrapassada. A confecção de uniformes tem um valor agregado muito relevante: não apenas indica seriedade e compromisso ao cliente, uma vez que com um uniforme a pessoa que trabalha na empresa está indissociavelmente associada aos conceitos da companhia, mas também ajuda na percepção do próprio colaborador que ele é parte de um time, um organismo, exatamente o que a empresa é. Isso também é reforçado pela distribuição de brindes – outra vez, lembre-se sempre do valor/utilidade – que contenham alguma forma de personalização que remeta à empresa.

Sabemos que a satisfação do colaborador em ser parte de uma empresa é ponto crucial na administração de suas responsabilidades, que impactam diretamente na qualidade do serviço da organização com um todo. Mais do que apenas trabalhar, a felicidade e a confiança dos funcionários é ponto-chave. Além de pagar bem, ter boa comunicação, ambiente agradável e opções de treinamento e crescimento, a sensação de pertencimento ao lugar de trabalho é um conceito muito importante, e é aqui onde você pode utilizar da personalização para reforçar a identidade da sua marca para dentro da própria companhia.


Pois é: uniformes personalizados não precisam ser tradicionais, podem e devem ser criativos e bonitos. Créditos: Café Du Marché

Soluções em personalização do Camisario

Tendo em vista todo o valor gerado pela personalização dentro e fora da empresa, com propostas comerciais ou não, não há dúvidas que se trata de um investimento com retorno líquido e certo. Contudo, é necessário realizar uma dosimetria desse investimento em termos de preço, tempo, e outros fatores.

Pensando nisso, o Camisario aglutina fornecedores de produtos de estamparia – tais como camisetas personalizadas, bonés, ecobags, abadás e muito mais –, simplificando a vida de empresários que desejam dar esse passo adiante na construção do seu branding. O mercado de personalização pode ser diverso, assim como seu uso: como você quer estampar sua marca para seus clientes? Não importa a resposta, nós temos a solução. Todas as formas de estampar em um só lugar!

quarta-feira, 16 de março de 2016

Notas políticas após as reviravoltas

A política nacional poderia ter entrado no ritmo do viral "boom! It hit me hard from the back!". Podemos observar que o maior "plot-twist" do Brasil é que as pessoas, de fato, ainda guardam suas vuvuzelas da Copa de 2010. Cá estão elas novamente. Mas, fora isso...

Nota-se que, em tempos apressados de pessoas sem-tempo, é essencial ser sucinto quando procuramos emitir uma opinião. Especialmente quando nos levamos a sério (santa inocência) e tentamos ser, de fato, lidos, assimilados - não é fácil achar gente com tolerância pra "textão". Então vou tentar ser pragmático, objetivo, pontual (desculpem a tergiversação, era minha última...):

 - A nomeação de Lula, que me parecia improvável por soar como um tiro no pé do Governo, deixa claro que Dilma desistiu de seu mandato e declara, nas entrelinhas, sua renúncia anunciada. Lula tentará restabelecer o carisma do partido, ou criar um novo, em prol da governabilidade (de 2018, é claro...);

 - O juiz Moro atropelou muita coisa da nossa legislação (e não por desconhecimento, não seja ingênuo) para abrir ao público um diálogo que não diz absolutamente nada. Consequência da lógica punitivista, revanchista, que tem imperado nos protestos tão democráticos que vêm acontecendo: se você discorda de mim, eu vou dar um soco democrático na sua boca; 

 - Temer deve ter dado boas gargalhadas ao perceber que Dilma - que segundo ele o tratava como "vice decorativo" - virou basicamente a rainha da Inglaterra, só que sem a classe: não serve para nada, mas ainda tem uns malucos que defendem como se fosse a própria mãe; 

 - Moro, que já vinha recebendo cartas, finalmente se mostra como um jogador, numa manobra brilhante (do ponto de vista jornalístico): ao divulgar áudios, ele atrai o holofote para Dilma e Lula, e do povo não há Pragmatismo Político que os salve; 

 - Não dá para confiar no Governo, não dá para confiar na Oposição, não dá para confiar no Judiciário... Me lembra uma palavra: "Militares". Quantos se darão conta que eles não são nenhum dos três e podem ter voz ativa? Sim, acho que militares no poder seria a pior coisa que poderia acontecer, e por isso sou tão "paranoico". É agora que ligamos pro Batman? Não há terceiro lado no debate. É queijo catupiry com goiabada cascão (junto à vontade de comer, que é o povo).

 - Quem trata a corrupção como crime moral hediondo dá voz às vertentes menos seculares que protestam por valores. Militares. Religiosos. Ultraconservadores. Cuidado...

 - Os protestos são tipo torcidas organizadas. Seus antagonistas são tipo os palhaços que passam esbarrando para provocar mesmo. Nós tâmo aqui como uma espécie de torcedor-família que só quer assistir ao espetáculo.


Finalmente, o que eu gostaria de comentar é que a tragédia anunciada impacta na vida de cada um de nós de maneira perceptível, portanto precisamos nos atentar ao que apoiamos. Limites de crédito, inflação, dólar, vagas em creche, programas sociais, enfim, várias coisas podem estar dependendo do que aconteça a partir de agora - além, claro, da renúncia de Dilma.
Não precisa ser a favor do Governo para não apoiar a oposição. Não existe neutralidade nesse momento, por outro lado. O debate é complexo e, como disse Aécio, não sejamos levianos. Lembrem: A História punirá àqueles que se posicionarem contra o historiador que contá-la.
Nossa cultura é incrivelmente jovem. Esperar que debates não-maniqueístas floresçam no cenário atual é utopia demais: os Estados Unidos nunca superaram e olha que eles estão mais sólidos que nós em algumas centenas de anos. O que me entristece é que tendemos, por alguma razão cultural, a formar pensamentos revanchistas, punitivistas, agressivos, com um mero discordar de opinião que afinal lida com temas delicados, mas nada além disso. É o que me deixa embasbacado: a vontade do povo, seja oposição, governo, direta, esquerda, ciclista, motorista ou cobrador, em silenciar o outro, na lógica (perceba a ironia) antidemocrática da ditadura da maioria.

Estamos diante de um momento histórico completamente diferente de tudo que o Brasil já viveu desde a CF88; não podemos confiar em ninguém, do judiciário ao executivo - isso é até percebido por aqueles que não demonstram apoio incontestável por repudiarem algo ao extremo, mas a grande massa se perde em venerações fúteis.

Aliás, panelas eram chatas, mas buzinas se superam. Parem com essa porra, caralho.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

A glorificação da irresponsabilidade

Não há dúvidas que a maioria dos pais pensa no bem dos filhos. On the record, ninguém deseja o mal da "própria cria". Mas, enquanto as boas e floreadas intenções são exaltadas, outro fato possível de afirmar é que os pais também estragam os filhos - pelo menos potencialmente. Geralmente passam seus vícios e falhas porque as percebem como características enaltecedoras para si próprios, e, com o ego frágil que o ser humano tem, acabam honrando a si mesmos em excesso, fazendo com que os pimpolhos sejam réplicas (im)perfeitas das idiotices dos pais. O poder absoluto sobre outra vida pode ser positivo, negativo e, principalmente, ambos. 

A nossa sociedade está sedimentada, essencialmente, na estabilidade. A geração dominante - aqueles que estão no auge de seus quarenta anos - teve uma educação completamente voltada para a procura de uma vida "com menos problemas possível". Os conceitos de responsabilidade dessa geração estão muito mais relacionados com "redução de danos" do que com "conquistas". E isso é um imenso problema, porque reduzir danos estressa, reduzir danos aperta. Nenhum pai ou mãe - nem paimães e mãepais - deseja que o filho repita seus erros, e a forma como encontram para distanciá-lo e protegê-lo é tratando-o como um idiota. Um idiota muito especial, como disse no meu texto abaixo, mas um idiota.

Parece completamente sem lógica, mas na verdade faz muito sentido. Um idiota não responde pelas próprias ações. E não tô falando de deixar de lavar louça ou acordar no horário de aula - com efeito, a noção mais aproximada de "responsabilidade" que eles têm -, mas ações no sentido de decisões profissionais, amorosas, enfim. A criança que reproduz um comportamento acima do que os pais esperam para ela é "rebelde" - quando essa rebeldia é meramente discordância. Isso é desencorajado ao extremo: ter opinião é um absurdo. Não por acaso, opinião culmina em responsabilidade. Em verdade, tudo que culmina em responsabilidade - decisões, contas, criação - é desencorajada.
Que absurdo!! Uma criança aprendendo a ser gente!! 

Coloque-se no lugar dos pais. A sociedade como um todo vocifera pelos cotovelos que você deve proteger suas crias. O melhor método de fazê-lo eficientemente é convencendo o pirralho que ele precisa muito ser protegido; idiotificando-o, tratando como uma eterna criança, separando "assuntos adultos" (inerentes à casa) dos demais (tarefas). É a geração Terra do Nunca. Para concluir essa idiotificação, isso é tão massificado que as próprias pessoas que são tratadas assim levantam essa bandeira; têm orgulho de suas ignorâncias ("não sei, sou de humanas", como se não saber algo fosse positivo sobre qualquer aspecto), querem demais, se acham especiais justamente por essa superproteção, têm orgulho de seus "ativismos" diminutos e da sua própria insignificância. 

E essa cultura é, mais do que isso, glorificada A coisa mais normal do mundo é ver que "estão roubando a juventude de nossas crianças", e demais disparates. Juventude não é chutar bola na rua, ou trocar bola por computador; juventude não é ver desenho, é ver desenho o dia inteiro. Juventude é a época que você tem poucas e diminutas responsabilidades, e isso não está sendo "roubado" mas sim enfiado goela abaixo de cada bebê que nasce. A separação insana entre "coisa de adulto" e "coisa de criança" é que adultos se perdem dentro de uma seriedade ridícula, porque ser adulto é não jogar videogame, e crianças que são bundões inexpressivos com vinte e tantos anos, porque ser criança é não ter responsabilidade.

Isso desemboca em muitos detalhes sórdidos da cultura brasileira. Nós somos instigados a entender que a CLT é o melhor regime do mundo e que nós devemos, primeiramente, nos atrelar a ela; um monte de gente acha que concurso público é a solução dos problemas, que é perfeito, um ótimo trabalho; outro tanto de gente acha que certos trabalhos - dignos - são "coisa de vagabundo". Curiosamente, as escolas se preocupam em ensinar mais teoria do que prática - na teoria ninguém toma decisões, amiguinho, é só seguir a cartilha - e isso chega a ser incentivado e apoiado por pais que acham que "a infância está morrendo". Além disso, sabemos pouquíssimo sobre valor do dinheiro, direito, economia, e demais coisas que sempre disseram para você, de 40 anos, que é "assunto de adulto". 

Os problemas não são oriundos apenas da escola, tampouco apenas da mentalidade dos pais que, de modo geral, precisam arcar com as responsas de ensinar errado (mas também não estão preparados para isso, pois se cercam de medos e pressões sociais como se buscassem isso numa síndrome de Estocolmo . Mudar a cultura é difícil, mas se você pretender tê-los, não os tenha para atingirem objetivos que você, a sociedade ou qualquer fator externo deseja que atinjam. Ao invés disso, treine-o para criar seus próprios objetivos, introduzindo as relações"causa-consequência" e de responsabilidade o mais cedo possível. Deixe-o cometer erros e ensine o que são erros. 

Não é uma aula de "parentabilidade". Cada um faz as burrices que quiser. É só uma crítica a essa imensa massa de gente, no alto dos 20 anos, sendo extremamente bundona, supérflua, criança e despreparada. Eu incluso. Enquanto não pararem de repetir que vocês têm orgulho de serem crianças idiotas, queridos, vocês serão só isso mesmo. 

(esse texto só foi possível por causa das luzes que Guilherme Carmona, Ailin Cerda, Daniel Rossato e Nathália Pinheiro Martins acenderam no caminho).

terça-feira, 3 de março de 2015

Sobre você mesmo

Eu sei. Um texto de autoajuda na internet é tão vazio quanto uma garrafa de cerveja nas mãos certas. Você provavelmente já leu tantos que esse aqui vai ser só uma passada-de-olhos, não uma própria leitura; mas não tem problema. Na verdade, esse texto não é sobre você – é sobre mim. Mas perceberemos que temos muitas coisas em comum, e talvez essa “solucionática” servirá também para você, caro interlocutor silencioso. Adiante...

É muito comum a nós, arrogantes membros da geração com menos presilhas civilizacionais e com o mundo na ponta dos dedos, que esse estado líquido que temos em relação ao universo seja voltado, também, a nós mesmos. Não raramente, observamos jovens descontentes pois não conseguem “se encontrar”; ou seja, não conseguem firmar suas próprias personalidades dentro deste mundo multicultural e invasivo, não conseguem construir-suas-casas-em-rocha (pois é, estou usando uma parábola recontada pelos seus pais para exemplificar; que exemplo de autor, n’é?) porque a rocha parece tão distante, e nós queremos tanto ser alguém...

Para mim, o problema inicial está nesse querer. “Querer” e “gostar” são palavras essenciais em qualquer pessoa do meio dos anos 90; não existe um futuro, não existe uma preparação, é só a soma do “querer” com o “gostar”. Com isso, sempre parece que estamos distante demais do que merecemos; é muito exigir que nosso “querer” e “gostar” sejam coisas construtivas. Pelo contrário, normalmente são destrutivas. Então ficamos nós com aquela cara de interrogação e pensando sobre “por que não deu certo?”, quando a resposta estaria na ponta da língua do seu avô se você perguntasse para ele: quantos quilômetros de “pé-no-chão” você andou para conseguir esse objetivo?


                                                         Sério, você não é especial.

Parece evidente que todo caminho exige sacrifícios. Quando paramos para pensar, é dolorosamente, ridiculamente óbvio. O que não é assim tão óbvio é que os sacrifícios que fazemos – ou devíamos fazer em prol de determinado objetivo – são também escolhas. Agora pasme – nós somos forçados a fazer coisas que não queremos, tampouco gostamos, se temos algo maior em mente. Não “estar afim”, ou não ter vontade de fazer alguma coisa, não é razão para que ela não seja feita, se quisermos uma estabilidade futura. É por isso que acostumar com o gosto amargo da decepção é uma boa escolha; muitos dos caminhos que tomaremos será infrutífero, circular, frustrante.  Infelizmente nós não vemos a faca quando damos murros nela, e não há antídoto para isso.

É fato que colecionam-se mentes brilhantes no mundo. Não temos mais um Einstein, temos centenas; mas, junto com esse brilhantismo todo, observamos um súbito aumento de doenças psicológicas, depressão e coisas do tipo. Uma explicação superficial me convence: As pessoas, por serem desgraçadamente inteligentes e terem muito acesso às coisas – e portanto acostumadas com certo nível de sucesso – desaprendem a perder. Desaprendem a abaixar a cabeça quando algo dá errado, desaprendem a recomeçar. Funcionamos em uma velocidade tão alta, tão diferente do resto das pessoas (os “coroas”, palavra que, por alguma razão, nunca saiu de moda) que ficamos incompreensíveis, contraditórios; e não importa quanta tecnologia tenhamos, simplesmente não podemos dar um passo maior que a perna e entendermos algo que não dá para entender.

É por isso, na minha visão, que as pessoas “se perdem de si mesmas”. É por isso que tanta gente cruza os braços, no meio de uma situação eufórica, sentindo, na verdade, frustração. Mas há algumas vantagens em estar perdido; a primeira coisa é que, quando nos tocamos de que algo está errado, podemos começar a buscar soluções. Não há nada melhor para um ego ferido do que resolver seus próprios problemas – já percebeu que tudo que você ainda não conseguiu fazer parece intransponível? E então, quando você efetivamente resolve algo impossível, não há como não se sentir bem. Por isso, a primeira coisa que deve ser perguntada é: Eu tenho um problema? Como resolvê-lo?

A arte de empurrar com a barriga, conhecida popularmente como “procrastinação”, que  é outra palavra que entrou em moda, é também um passo certo para a frustração. Resolvemos o que nós quisermos em cinco segundos – muitas vezes literalmente, mas ainda reclamamos da burocracia do Governo ou do maldito site que caiu – e portanto a noção de “compromisso” e “prazo” fica muito decantada. Com efeito, é notoriamente claro que se você demorar muito para fazer algo, esse algo tende a crescer e complicar, tornando-se mais difícil a cada segundo perdido. Se você não dispõe de cinco para fazer uma coisa “porque não quer”, precisará dispor de bem mais do que isso quando for “obrigatório”.

A conclusão é que temos dezenas de jovens inteligentes, porém pouquíssimos producentes e menos ainda competentes. Todas as noções são tão fáceis que até eu, um exato e perfeito exemplo do que descrevi no texto, as conheço. Mas a inaptidão mental é tão complicada que reafirmo: conhecer a teoria é uma coisa. Fazer é que são elas!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O Uso Prioritário de Equipamento Não-letal

Ou, no português-comum: "Chamem o Batman, o Estado Pirou". Ah: Isso aqui não é um texto de Esquerda. Nem de Direita. Só de (um pouco de) bom senso.