Com
o assunto em voga recentemente, especialmente por causa do projeto de lei 7270/2014,
já comentado pelo Causas Perdidas neste link (oops, ainda não temos disponível. Mas logo teremos!), o senso comum bate à porta e precisamos ter consciência de fazermos um debate menos falacioso e de maior crescimento para a nossa sociedade. Cá estão argumentos para refutar algumas noções errôneas sobre a maconha:
A
legalização da maconha não interessa somente aos usuários da maconha
É, eu sei. Parece até ridículo entrar nesse
mérito. Mas não entra na cabecinha das pessoas que para defender a maconha não
é necessário fazer uso dela; o trabalho regulamentado com a droga tende a
favorecer a economia do país, além de dissolver o tráfico de drogas – principal
vertente do crime organizado atual. Ou seja, como consequência da legalização,
até mesmo quem nunca viu a droga na vida será beneficiado, através da redução
da violência.
A
legalização dá embasamento médico ao usuário
Motivo bem humanista aqui. Simplesmente quem
usa maconha “clandestinamente”, hoje, não possui nenhum suporte médico (nos
termos da lei). Com a legalização, quem resolver aventurar-se no caminho da
cannabis poderá ter apoio do farmacêutico ou de médicos especializados para
curar-se do vício subsequente. Além disso, o controle do medicamento faz com
que rigorosa qualidade da erva seja processada, o que é benéfico ao usuário (e
menos pior para a sociedade).
O
argumento de que aumentaria o número de usuários é falacioso
Quem diz isso só pode ser a) desonesto
intelectualmente ou b) ingênuo. Hoje é muito fácil conseguir a droga; a
proibição só existe em termos da Lei. Qualquer um que tenha curiosidade de
experimentar o faz no mesmo dia. Não é a legalização ou a proibição que
aumentam ou restringem os consumos, e sim a atenção que é dada para o assunto e
sua abordagem. Enquanto existir gente falando mentiras sobre a cannabis,
existirão rebeldes rebatendo. Tende a existir uma diminuição gradual no uso,
tal qual o próprio cigarro.
Existe
ganho econômico direto com a legalização da maconha
Já comentei, mas reintero: É vantagem para o
país se a substância for controlada. O preço da droga não iria subir (muito,
espero) do preço de venda atual, mas sobre ele serão inferidos impostos, custos
de segurança e produção, controle de qualidade, etc. Isso faz com que o
dinheiro, antes destinado à compra de armas ou de substâncias mais pesadas,
circule de forma legal pelo país, o que é ótimo. Além de reduzir diretamente os
danos da substância também.
Não
existe “porta de entrada” para outras droga
Poderíamos utilizarmos-nos de um pouco de
lógica aqui e dizer que cada um usará a droga que quiser, quando quiser. A proibição
às drogas é quase um estímulo à sua procura – uma coisa completamente inútil,
que custa vidas. Em longo prazo, creio que a legalização (controlada)
definitiva das substâncias químicas seja, de fato, o melhor caminho, mas
enquanto isso não acontece... Não há embasamento científico para afirmar
categoricamente que a maconha “abre as portas” para o experimento de novas
substâncias; pelo contrário, sua ação é leve e tende a satisfazer o usuário,
com a vantagem de não existir superdosagem.
A maconha
faz mal
Entendam de uma vez por todas: Não é por ser
uma “plantinha” que não é uma substância tóxica (fosse assim, todos comeriam
sopa de mamona). Ela alucina e gera dependência psíquica, tal qual o cigarro e o
álcool, e a cafeína, e até, quem sabe, o açúcar refinado. É preciso existir uma
conscientização, sem a menor dúvida. A maconha, como qualquer vício, destrói
famílias e vidas. Mas, com a substância legalizada, é muito mais fácil existir
um controle do sistema de saúde sobre o número de usuários, que proporciona as
ações cabíveis em cada sistema.
O sistema
de saúde já é debilitado pelo uso da droga
Conforme apresentado, a proibição não inibe o
uso, mas ainda assim cria problemas para o sistema de saúde. As pessoas que
apresentam dificuldades geradas pela droga a) são subsidiadas pelo SUS b) não
têm seus problemas resolvidos. A questão é que a assertiva B é completamente
desconexa com uma sociedade que pretende evoluir; é necessário que exista o
tratamento e a compreensão dos usuários. Assim como cigarro, álcool e demais substâncias
que gerem vícios. O que acontece é que, com o uso proibido, aqueles que apresentarem
paroxismos do mau uso da maconha tenderão a fechar-se, não procurando ajuda, ou
a procurarão (e gerarão exatamente os mesmos gastos). Também é falacioso,
portanto, dizer que a legalização “corromperá” o sistema de saúde.
A oração
é: Boa vontade.
É dela que precisamos para darmos um passo como este. Precisamos que a substância seja catalogada, os usuários bem atendidos,
as dúvidas desmistificadas e o uso conscientizado. A partir disso, as
consequências propostas serão atingidas, e tenho certeza que a sociedade só tem
a ganhar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário