domingo, 5 de janeiro de 2014

Dicas de leitura

Devo começar esse post com um solene pedido de desculpas pelo meu período de ausência; estava com um bloqueio criativo/de escrita tamanho monstro. Com este post pretendo retornar aos escritos com maior frequência.

E, já que o ano acabou, nada melhor que fazer um post falando do que eu li (não só esse ano, mas majoritariamente no mesmo) e o que eu recomendo para vocês... Bem, ou simplesmente falo sobre.

Sei que estou um tanto lacônico, mas eu prefiro chamar de "objetivo".


Recomendações literárias então - não contém spoilers:

 - A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera
Ah, Kundera. A Insustentável Leveza do Ser, única obra que tive o prazer de ler (e reler, e reler, e reler) deste autor, é um retrato um tanto quanto existencialista das relações amorosas - e humanas de modo geral. Kundera tenta explicar seu pensamento em cada folha do romance, fazendo-o ser carregado de uma profunda reflexão e filosofia; ao conhecer os personagens de Kundera, eu abri horizontes com relação à certas características humanas, desde o pensar ao sexo. Definitivamente uma leitura interessante. E muito prazerosa.

- Amor Líquido, de Zygmunt Bauman
E já que estamos falando na fragilidade dos laços humanos, Amor Líquido é um livro - muito menos romance e muito mais filosófico - que se propõe a explicar, nos tempos atuais, tal característica. Bauman é um gênio e não é um autor a ser lido levianamente, de modo descontraído; Amor Líquido, porém, é uma aula de pensar sociológico, um livro escrito a partir de conclusões que todos nós poderíamos chegar, mas que poucos teriam habilidade para colocá-las no papel. É um livro esclarecedor, animador e desafiante ao mesmo tempo. Ah, e é extremamente atual.

- 1Q84, de Haruki Murakami
O título é uma referência à famosa distopia de George Orwell, 1984, ano que também se passa a história construída por Murakami. O primeiro pensamento que tenho dessa trilogia é que não são livros para "iniciantes" na leitura; você deve estar acostumado com universos paralelos, cenas mais fortes e a técnica da repetição. Mas se é algo que lhe agrada, se a distorção do tempo e do espaço é uma coisa atraente para você, creio que essa trilogia seja uma das mais brilhantes nesse sentido. Murakami tem uma progressão esplêndida - o primeiro livro é mais lento, enquanto a saga termina com você já com sangue nos olhos. E se você espera explicações, desista de ler 1Q84; o livro te joga no meio de algo absolutamente complexo... E não explica nada. O que, em minha opinião, é ótimo.

- On the Road, de Jack Kerouac
On the Road é aquele livro mente-aberta, que não exige que você pense do mesmo modo do autor. De certa forma isso é irritante, pois acaba-se viajando demais ao tentar entender as aventuras do protagonista, mas também é capcioso. Além desse "problema", o livro tem uma tendência muito forte ao socialismo e à sociedade "sem capital", o que me desagrada um pouquinho. Mas Kerouac é um gênio ao escrever, e sem dúvida esse livro - eu diria que é a obra-prima do autor - vai te deixar com menos peso na consciência por pensar de algumas maneiras meio "socialmente esquisitas".

- O Oceano no Fim do Caminho, de Neil Gaiman
A primeira coisa que você pode falar desse livro: É do Gaiman. Não que seja bom só por isso, mas o autor tem um estilo todo peculiar de escrever, todo característico, e isso já é uma triagem para saber quem gostará e quem odiará o livro. A história é uma fábula, um tanto quanto chocante e triste (... Gaiman), e bastante lírica. O ponto alto desse livro é que é uma leitura rápida, com um desenrolar não muito espesso, o que faz você sentir o que o autor quis passar logo no começo. Há um toque de filosofia no conto, também, e alguns dos melhores diálogos que eu já li.

 - A Companhia Negra, de Glen Cook
Nunca tinha lido Glen Cook até comprar este livro. Na verdade, só um conto do autor, presente em Ruas Estranhas, livro composto outros autores também, como George Martin e Conn Iggulden. Me surpreendi com a qualidade do mesmo. É um livro muito dinâmico; se você perder algum detalhe, precisará voltar. A criação de personagens não é muito trabalhada, e o livro se destina mais à ação proporcionada pela história. Ah, e é um livro bem sangrento, e tem um toque bem evidente de realismo - Cook é um veterano do exército - exceto pela magia e tudo o mais. Um belo livro, que te faz querer saber mais sobre os personagens principais (especialmente o "Apanhador de Almas", já que não pretendo dar spoilers).

- O Conquistador, de Conn Iggulden
Iggulden é um MESTRE em romantizar personagens icônicos. Já havia lido "O Imperador", saga composta por 4 livros que transforma a vida de Júlio César em um romance histórico. O Conquistador fala de Temujin, um rapaz que vive nas planícies asiáticas e é membro da tribo dos Lobos. Passo-a-passo, o leitor observa como as capacidades de comando e as relações sociais de Temujin começam a ficar mais espessas, melhores, e como ele vai galgando para ser o maior conquistador de todos os tempos. O autor ainda se dá ao trabalho de explicar o que é real - com base histórica - e o que não é, ao final dos livros. A saga não é cansativa nem repetitiva, e Iggulden conseguiu deixar o personagem muito mais humanizado e inteligente do que a História.

- 1356, de Bernard Cornwell
Guerras medievais são um assunto de vital interesse para mim. Cornwell é um autor muito confiável. Com base nesses dois dados, comprei 1356, esperando um livro ótimo. Mas ele é mais que isso. Ao recriar uma parte da famosa Guerra dos 100 Anos, Cornwell evidencia mais uma vez o absurdo talento para a escrita que tem, além de polarizar a disputa entre Inglaterra e Franca de um jeito magistral, criando ótima interação entre o leitor - e seus pontos de vista - e os dois lados. Além disso e como se não bastasse, dá para sentir que o autor manja de estratégias de guerra - um tempero a mais no livro.

Bem, aqui termino um pouco de recomendações literárias - eu sempre fico com um pouco de preguiça ao pensar e escrever sobre TODOS os livros bons que já li. 2013 foi um ano que tive pouco tempo à leitura, e mesmo assim a maioria dos 63 livros foram sobre Direito ou extremamente técnicos. Não quis relacioná-los; alguns dos outros livros são mais antigos ou conhecidos, como a icônica trilogia de Larsson, e também não quis falar deles.

Enfim, boas leituras!

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